segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Palestra dia 18/09



Tema: A sociologia de Florestan Fernandes
Palestrante: Prof. Dr. Ricardo Constante Martins

A última noite da VII Semana de Ciências Sociais recebeu o Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins para palestrar sobre o tema “A Sociologia de Florestan Fernandes”. Rodrigo já ressaltou logo no início das considerações que o trabalho de Florestan Fernandes deve ser encarado pela perspectiva de uma sociologia desafiadora, de atuação política e dedicada à área da educação.
O palestrante frisou que a importância do trabalho do sociólogo também se deve ao fato dele inaugurar uma nova modalidade de Sociologia Cientifica no Brasil, modalidade que se formalizou com o início das atividades da Escola Paulista de Sociologia fundada por Florestan entre as décadas de 50 e 60.
Ricardo Martins ressaltou que o sociólogo desenvolveu uma capacidade intelectual muito grande para superar dificuldades em sua teoria que geralmente são insuperáveis até mesmo nos trabalhos clássicos.
Em um rápido retrospecto da vida de Florestan, Ricardo destacou que o professor estudou praticamente como autodidata até os 18 anos, enquanto trabalhava para ajudar a mãe com as contas da casa. Ao terminar o supletivo foi aceito no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo, curso até então destinado a formar a elite da classe intelectual paulistana. Firma-se como professor titular na universidade onde conclui o doutorado. Entre seus alunos merecem destaque o pensador Octavio Ianni e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na USP torna-se o grande nome da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, porém, no fim da década de 60, é aposentado pela ditadura militar e vai para os Estados Unidos e logo após para o Canadá. Na década de 70 retorna ao Brasil onde encontra abrigo na PUC. Nos anos 80 ingressa na política, funda o Partido dos Trabalhadores e se elege deputado.
Um dos ícones de seu trabalho é a obra “A integração do negro nas sociedades de classe”, que lhe rendeu a cadeira de professor titular na Universidade de São Paulo. Este livro traz a inclusão de algumas categorias no debate intelectual brasileiro, como “raça”. Além da integração do negro na sociedade competitiva, a obra também contempla o debate do “mito da democracia nacional no Brasil”.
Nesta etapa da palestra o professor abriu um parêntese para esclarecer o debate: “Uma das características das revoluções burguesas foram a estrutura econômica de classes e a estrutura de direitos iguais entre indivíduos. Esses fatores são imprescindíveis para caracterizar um estruturação capitalista. Porém o Brasil se estruturou socialmente em classes econômicas sem se estruturar na questão dos direitos e, ao negro, nem mesmo a condição de classe foi deixada, segmentando uma grande parcela da população que não podia sequer se organizar como classe social”, explicou Ricardo Martins.
Ainda segundo o professor, Florestan Fernandes considerava que havia alguma coisa de errado com a sociedade que não conseguia organizar suas classes sociais. “Nós não conseguimos nos organizar quando não conseguimos posicionar o negro no mercado de trabalho”, afirmou Ricardo.
Antes de finalizar sua participação e encerrar o circuito de palestras da VII Semana de Ciências Sociais da Faceres, o professor Ricardo Martins listou três temas no quais as contribuições de Florestan Fernandes foram decisivas para a sociologia brasileira: o capitalismo dependente; o capitalismo agrário e a classe social como sendo um conceito puro na realidade brasileira, além de apresentar o conceito da expropriação do excedente econômico na economia brasileira.
Como tradicionalmente acontece, ao final das exposições do professor foi aberto espaço para questões e observações dos presentes e o tema racial mostrou-se como de maior repercussão entre os alunos.





Abro aqui o espaço para agradecer mais uma vez, Kaio valeu pela força, e ter se superado para elaborar os textos, sem comparação a os que fiz o ano passado, valeu.