sábado, 19 de setembro de 2009

Palestra dia 16/09




Tema: Aspectos legais da inserção as disciplina de Sociologia no Ensino Médio
Palestrante: Prof. Jesus Maria Martines
Prof. Antônio Arnaldo Gomes

A terceira noite da VII Semana de Ciências Sociais da Faceres abordou os “Aspectos Legais da inserção da disciplina de Sociologia no Ensino Médio”. Os professores Jesus Maria Martines, diretor pedagógico do colégio São José, e Antonio Arnaldo Gomes, coordenador pedagógico da escola Prof. Sônia Maria Venturelli e professor da Coopem de Rio Preto levaram aos alunos suas experiências e expectativas sobre a inserção da Sociologia e da Filosofia no currículo do Ensino Médio.
O professor Jesus Martines foi quem iniciou as palestras. De uma maneira bem humorada, o professor definiu a Sociologia como um meio de conhecer e explicar a realidade social para nela intervir.
Jesus utilizou slides para demonstrar aos presentes como a lei que regulamenta a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio é vaga e cheia de falhas que permitem às escolas burlarem as determinações do Estado. Demonstrou o porquê de tantas mudanças, dando exemplo da diferença entre a determinação de 2006, a qual previa que o aluo deveria conhecer o processo histórico da transformação da sociedade e da cultura, que permita que diversas maneiras de se aplicar conteúdos que pudessem ser considerados como “ensino de sociologia” e a determinação de 2008 que obrigou as escolas a lecionarem as duas ciências de maneira igual as demais matérias curriculares.
Quanto a implantação gradativa da sociologia no ensino médio, o professor Jesus demonstrou que mesmo os conselhos e secretárias regionais de educação não conseguem chegar a um consenso. O palestrante também frisou os motivos políticos que levaram o estado de São Paulo a ser o último do país a adotar a sociologia no currículo escolar.
Um dos pontos mais destacados pelo professor foi o perigo que representa a autorização que os colégios possuem de trabalhar 20% de suas matérias no modelo semipresencial. Isso permitiria que tanto a Sociologia quanto a Filosofia sejam ministradas por professores de outras áreas, uma vez que para ser tutor de matérias semipresenciais não há a necessidade de formação na área lecionada.
Para fechar suas considerações, Jesus Martines lembrou aos presentes que países como Chile, Uruguai e Argentina oferecem ao aluno a opção de um Ensino Médio diversificado, com algumas matérias bases obrigatórias e outras complementares de escolha individual e criticou o método brasileiro que propõe que o aluno estude todas as matérias, independente de sua preferência, até a conclusão do ciclo escolar.
Foi então que o professor Antônio Arnaldo Gomes iniciou suas considerações. Ele contou aos presentes que participou da luta pela inclusão da Filosofia e da Sociologia em passeatas e congressos e lembrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vetou os projetos que previam a obrigatoriedade de tais matérias na grade curricular.
Para aquecer um pouco mais a discussão, o professor Arnaldo deixou no ar a questão de que até que ponto a cultura escolar tem correspondência com a cultura de vida dos alunos: “É natural do homem considerar algo quando tem resultado prático em sua vida”. Fez também um paralelo da “antiga escola”, que recebia alunos já selecionados pelas classes sociais e a “escola de hoje”, que recebe todos os alunos mas não tem preparação para isso: “Esses alunos chegaram atrasados e a escola ainda está sem preparação para recebê-los. Hoje a escola não garante emprego nem fornece status, por isso mesmo o aluno só vai porque é realmente obrigado”, completou o professor.
Arnaldo salientou que muitas vezes a escola considera o desinteresse o mau desempenho dos alunos como culpa das famílias, porém deixou claro que a “família” que a escola imagina não existe mais, fazendo uma referência as novas formações familiares onde todos os membros da casa trabalham fora.
Para encerrar sua participação, o professor Antônio Arnaldo lembrou aos alunos presentes que cabe a eles demonstrar para a sociedade que valeu a pena incluir a Filosofia e a Sociologia no currículo do Ensino Médio.
Mais uma vez foi aberto espaço para perguntas e, novamente, questões como a aplicação dos conteúdos e as apostilas do governo permearam as discussões.

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