sábado, 19 de setembro de 2009

Palestra dia 17/09






Tema: A sociologia de Guerreiro Ramos
Palestrante: Prof. Ms. Silvano da Conceição
Na penúltima noite da VII Semana se Ciências Sociais da Faceres foi debatido um autor pouco conhecido pela maioria dos alunos: Alberto Guerreiro Ramos, um sociólogo brasileiro que se preocupou co questões práticas da Sociologia e que teve uma aproximação com os movimentos e com a história do negro em nosso país.
Para falar sobre este autor foi convidado o professor Silvano da Conceição, que iniciou sua palestra já fazendo uma referência clara a oposição que Guerreiro Ramos fazia entre a “Sociologia Enlatada”, que procura resposta nos trabalhos sociológicos europeus e norte-americanos sem se preocupara com as particularidades do local estudado e a “Sociologia Dinâmica”, que além de levar em consideração os aspectos regionais do local estudado, oferece também possibilidades práticas que podem levar a modificação da realidade social.
Para facilitar o entendimento dos alunos presentes, Silvano dividiu o trabalho de Guerreiro Ramos em etapas:
Década de 40 – decênio que define a trajetória e a formação acadêmica do autor que se formou em Ciências Sociais e Direito. Antes deste período, Ramos era conhecido apenas por seu trabalho de crítica literária. Destacam-se em sua formação a influência de fenomenologia e do existencialismo. Neste período o autor luta pelo reconhecimento de que apenas através de uma visão nacionalista seria possível entender os problemas que existem no Brasil e se aproxima do teatro experimental negro. Para Ramos, o Brasil possui uma dívida contraída no passado com os negros, a qual o país faz questão de ignorar, impedindo que os problemas que resultaram desta negligência sejam compreendidos e resolvidos.
Década de 50 – período no qual o autor se envolve que o Instituto Brasileiro de Estudos Sociais e Políticos. Nesta década Ramos percebe que é fundamental associar pensamento à ação e defende uma sociologia militante, que deveria acontecer fora dos gabinetes acadêmicos e limitados a pura teoria.
Década de 60 – O autor olha para a sociologia na perspectiva da política e da administração pública. Neste período o autor chama a atenção para a oportunidade de promover o desenvolvimento nacional refletindo sobre as políticas públicas e as administrações. Neste período Ramos lança uma de suas principais obras, “A redução Sociológica”, onde fica clara a sua intenção de propagar a idéia de uma sociologia militante.
Silvano lembrou que para os críticos de Guerreiro Ramos, na tentava de conciliar sociologia e política, o autor acaba por não deixar uma grande obra e também não decola na careira política. Com o início da ditadura militar o sociólogo se muda para os Estados Unidos de onde só retorna em 1979, quando inicia a produção de uma séria de artigos onde acusa o corpo político nacional de cometer diversos crimes contra a população. Ramos faleceu em 1981, as vésperas de ocupar uma vaga na Universidade Federal da Bahia.



Ao fim da apresentação do professor Silvano, foi formada uma mesa redonda com a participação de ex-alunos do curso de Ciências Sociais da Faceres que atuam como professores da disciplina atualmente.
A primeira a dar depoimento sobre a carreira e os desafios foi a professora Marli Gomes, que se formou com a 1° turma de sociologia. Ela relatou que ficou surpresa ao conseguir muitas aulas logo na primeira atribuição que participou na cidade de Fernandópolis, onde reside atualmente. Marli deixou claro que a Sociologia ainda é subjugada pelo corpo docente das escolas e sobre a importância do professor de fomentar o movimento intelectual dos alunos nos colégios.
Logo após foi a vez do professor Daniel da Silva, que iniciou o curso com a primeira turma da Faceres, mas, por problemas pessoais, só veio a terminar a graduação junto à terceira turma. Daniel reforçou a idéia de que um dos maiores desafios dos professores hoje é aproximar a Sociologia ao cotidiano dos alunos, buscando associá-la as experiências familiares e profissionais dos discentes.
O terceiro a dar seu depoimento foi o professor David Santiago, formado junto à segunda turma da faculdade. Ele contou que início sua experiência de ensino nas matérias de história e filosofia e lembrou que mesmo as escolas particulares possuem materiais didáticos para a Sociologia que não são completos, embora melhores que o material das escolas públicas.
Para fechar a participação de ex-graduandos, a professora Mariana Cabrera deu o seu relato de como foi complicado o início de sua vida docente, principalmente com a preparação de aulas e o número de alunos que existe em cada classe no ensino público. A professora também relatou os desafios de se associar o conteúdo da Sociologia com o cotidiano dos alunos fora do colégio.
Em clima de Fórum, seguiu-se um debate entre os participantes da mesa e os presentes e novamente problemas como o material de aula e o interesse dos alunos deram o tom das discussões.

Um comentário:

Danilo professor disse...

bacana a semana. acho que precisamos movimentar mais esse blog, colocar artigos resenhas opiniões estudos. Já que na faculdade não hé espaço pra publicar vamos publicar aqui. Convide todos das Ciências Sociais novos e antigos acho que dá pé que achas Vitor Algusto?