"Se o governo socorre os bancos, tem que socorrer a gente também", defende catador
por Michelle Amaral da Silva última modificação 19/03/2009 14:03
A profissão de catador, além de ser alvo de discriminação social, não é reconhecida nem pelo poder público
18/03/2009
Da Redação
Fórum
Diante da situação de crescente precarização do trabalho em todo o país, agravada pela crise global, catadores de materiais recicláveis realizam protestos nesta quarta-feira, (18) em Belo Horizonte. O destino das manifestações é o prédio da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A ação é apoiada pelo Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis e ao Fórum Estadual de Lixo e Cidadania.
A profissão de catadores, além de ser alvo de discriminação social, não é reconhecida nem pelo poder público. “A gente presta um serviço público, mas não somos remunerados por isso”, declara Luiz Henrique da Silva, do Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Os catadores trabalham para empresas de reciclagem. Esse contexto dá às corporações monopólio do mercado em cada cidade, o que lhes permite determinar a remuneração dos trabalhadores e o preço do produto. “90% do trabalho de reciclagem é feito pelos catadores, mas as empresas [de reciclagem] ficam com 90% do lucro”, denuncia Luiz. Nas grandes metrópoles, onde há mais materiais recicláveis e onde se concentra mais oportunidades de renda, o salário médio de um catador é de um salário mínimo por mês, trabalhando 14 horas por dia. Nas regiões fora dos grandes centros urbanos, seja no interior ou nos “colares metropolitanos”, a situação é mais grave: um catador consegue tirar apenas entre R$ 100,00 a R$ 150,00 por mês.
A crise financeira mundial derrubou os preços dos materiais reciclados e reduziu o seu mercado consumidor, pressionando para baixo a remuneração dos catadores e precarizando ainda mais a atividade. “Se o governo socorre os bancos e o grande capital, tem que socorrer a gente também”, defende Luiz.
Perseguição
A pressão financeira não é a única que recai sobre os catadores. Segundo Luiz, os projetos de revitalização pelos quais os grandes centros urbanos estão passando nos últimos anos têm se traduzido em uma política discriminatória contra os catadores. Ele conta que os fiscais os impedem de agir e muitas vezes os tratam como marginais.
Apesar das tentativas de ação em rede das cooperativas de catadores para valorizar social e financeiramente o trabalho, há pouco diálogo com os governos. Luiz lembra que, além de um serviço púbico, o trabalho dos catadores ainda trabalha com recursos naturais e que, por isso, deveria receber mais atenção das autoridades.
O ato de ocorre paralelamente a audiências públicas com o presidente da Assembléia Legislativa, o Ministério Público, o Banco do Brasil, a arquidiocese de Belo Horizonte e representantes do governo do estado. A concentração para o ato ocorrerá às 9h, na Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável (Asmare).
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