
Este texto foi fruto de uma pesquisa desenvolvida para apresentação de um seminario, da disciplina Movimentos Sociais no Brasil, ministrada por Profa. Ms. Miriam Ribeiro de Barros Shaw.
Pesquisa desenvolvida por Aryane Castro, Carolina Giorjiane, Mariana Cabrera, Mayra Leticia e Victor Augusto
Os dez anos que compreendem de
Durante todo o ano de 2008 muito se falou no ano de 1968 e, nos 40 anos que se sucederam após aqueles dias tão intensos que marcaram aquele ano. O referido período foi emblemático e, sem sombra de dúvida, o mais importante dentro dos dez anos que vão de
O famoso maio de 68; a Primavera de Praga; as ditaduras em toda a América Latina; o mundo fragmentado, dividido em dois blocos, ambientando a Guerra Fria; em todo o globo as pessoas pareciam inseridas num mesmo cenário, de um mesmo ato, de uma mesma peça.
No que tange ao Brasil, o cenário de mudanças e transformações é bastante parecido com o cenário que se desenha pelo resto do mundo, entretanto, inserido num contexto de ditadura, classificado como subdesenvolvido, o Brasil, assim como toda a América Latina, transforma-se em quintal dos Estados Unidos. Em sua busca desenfreada pela hegemonia mundial os E.U.A. patrocinam a ditadura, treinam os militares latino-americanos e apóiam todo o terror espalhado pelos mesmos.
O ano é 1964; o golpe militar chega transformando todo o cenário nacional. O cerceamento da liberdade dos cidadãos vai-se fortalecendo e, com a declaração dos atos institucionais a possibilidade de um país livre e democrático fica cada vez mais distante. Até que em
Enquanto a realidade de tortura e medo que se instaura no país serve como estímulo para que alguns recuem e optem por se alienar do cenário político. Por outro lado, a repressão, a eminência da morte e a dor da tortura são o principal estímulo para uma parcela da população, que se dispõe a lutar contra o poderio militar.Essa massa de militantes era formada por trabalhadores, artistas, intelectuais e estudantes. E aqui, os principais personagens são estes últimos, os estudantes, universitários e secundaristas, que deram o sangue e a vida, na luta por dias menos nebulosos.
O movimento estudantil é anterior ao contexto da ditadura e, a princípio, engrossado pelos estudantes universitários, que em suas reivindicações pediam um ensino superior de qualidade, acessível a todos. Reivindicavam também melhorias nas condições de moradia para os estudantes que vinham de fora e dependiam das instalações oferecidas pela universidade. Reivindicavam nada mais, nada menos, do que tudo aquilo que lhes era de direito. Pediam um ensino acessível, que fosse possível a todas às classes e não só às classes mais abastadas da sociedade.
Toda a articulação política dos estudantes acontecia através dos C. As, D.C.Es., D.A.Fs., UNE, UBES e outros órgãos da representação estudantil. A Lei nº 4.464, de outubro de 1964, chamada Lei Suplicy de Lacerda, elimina a UNE como representação nacional, limitando a representação estudantil ao âmbito de cada universidade. O Decreto-Lei nº 252/67,
É em 1968, antes ainda do Maio de 68 francês; mais especificamente em 28 de Março de 68, que o primeiro estudante é morto pela ditadura militar. O secundarista Edson Luis de Lima Souto foi assassinado com um tiro à queima-roupa por um policial militar, no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. Os estudantes protestavam contra o aumento de preço das refeições e contra as más condições de higiene do lugar, freqüentado maciçamente por estudantes.
À bala que matou Edson Luis foi à mesma bala que iniciou o ciclo de mortes de estudantes; foi à mesma bala que iniciou o período da luta armada no Brasil; a mesma bala que mudou o rumo das reivindicações dos estudantes.
Se a princípio os estudantes lutavam por um ensino superior de qualidade, acessível a todos, com o endurecimento da ditadura e, com a morte e a tortura como armas para combater o movimento estudantil, essas reivindicações passam por transformações, exigindo agora à volta da liberdade de expressão, a democracia e a implantação de uma sociedade mais justa e igualitária. Se antes o discurso dos estudantes já incomodava, agora, com um discurso que prega igualdade e democracia a perseguição era pior, a única forma que os estudantes encontraram de continuar lutando foi escondidos nas sombras da clandestinidade.
Essa massa de estudantes, que agora ajudavam a figurar a esquerda brasileira, embora não quisessem a violência, não viram outra forma de combater as armas da ditadura, que não fosse também com armas. Os mais corajosos lançam-se então ao treinamento de guerrilha; vivem escondidos nos acampamentos se preparando para a chamada guerrilha urbana. De volta à cidade as práticas mais comuns dos estudantes eram os seqüestros de figurões (embaixadores, cônsules, etc), que garantiam a troca por presos políticos; praticavam também assaltos a bancos por eles chamados expropriação bancária, como forma de conseguir algum dinheiro para armar a guerrilha e manter as células revolucionárias.
Lembrando que esse movimento era informal, pois era a única força não institucionalizada de oposição a ditadura outro fator importante para essa informalidade eram os atores do movimento estudantil que eram em sua maioria compostos por jovens, e jovens são inconseqüentes, apaixonados e revolucionários por natureza.
De um lado jovens idealistas, de outro a policia política bem treinada e armada com o que havia de mais moderno, aquela luta desigual acabou em massacre, quem era contra a ditadura pagava com a vida, sem distinção de idade e sexo, o exílio político, as torturas cruéis, as prisões e os desaparecimentos incalculáveis certamente foram às derrotas do movimento estudantil.
Uma das conquistas do movimento estudantil foram às trocas de reféns por presos políticos, mas a principal conquista dos movimentos estudantis reacionários foi mostrar aos brasileiros mesmo que tardiamente que não podemos nos conformar com o que nos é imposto, e apesar desse movimento ainda não ter seu verdadeiro reconhecimento por parte do povo brasileiro não podemos negar o seu papel na queda da ditadura e a coragem desses jovens que deram sua vida por um país melhor.
Para Henrique Carneiro, professor da Faculdade de História da Universidade de São Paulo (USP), os manifestantes de 1968 não chegaram ao poder, mas obtiveram conquistas que moldaram o modo de vida atual. "As grandes conquistas ideológicas, e até simbólicas, instauraram uma política cultural alternativa. O movimento incorporou aspectos que continuam presentes hoje, como o feminismo, a revolução sexual, e a crítica às instituições".
Esse movimento deixou uma marca na sociedade brasileira, não somente no papel, com leis de diretos que fora conquistados, mas muito alem disso no marco histórico construindo um amor a pátria, de esperança de uma mundo melhor e mais igualitário. Para isso deixou de utilizar das flores para pegar em armas, a formação de um decurso e de uma forma de lutar pelos direitos na nação deixou de herança para as gerações que veio após a eles, construiu a experiência de entender de forma aprofundada os interesses da sociedade e na representatividade que muitos conseguiram com a abertura política que se iniciou depois da ditadura.
As flores mortas na ditadura formaram muitas sementes, destas sementes se brotaram muitos jardins, seus perfumes é de direito de todos, na imagem mais bela que uma flor pode ter, em seu espinho esta o quanto pode ser feito ao tentar a derrubar.