segunda-feira, 9 de maio de 2011

CARTA ABERTA À SOCIEDADE EM DEFESA DA RECUPERAÇÃO DA QUALIDADE SOCIOAMBIENTAL

DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ CABECEIRAS

“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida e com as futuras gerações.”


PREÂMBULO DA CARTA DA TERRA

Nós, VOLUNTÁRIOS DO PROTOCOLO EM DEFESA DA RECUPERAÇÃO DA QUALIDADE SOCIOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ CABECEIRAS, reforçamos, enquanto habitantes da Terra, nosso compromisso com toda a vida do Planeta.

Nestes tempos em que ouvimos a todo o momento a palavra meio ambiente e sustentabilidade na mídia. Em que cientificamente já comprovamos a relação do surgimento e/ou o aumento de diversas doenças associadas ao desequilíbrio ambiental. Em que desgraças “naturais” ocorrem e matam tantos seres, humanos e não humanos. Em que a escassez da água potável é anunciada em alto e bom som... Também deveríamos avaliar o empenho da sociedade e do Poder Público em prol da resolução destes conflitos.

É tempo de assumir responsabilidades e incorporar nossos sonhos de um mundo melhor, mais justo, mais agradável de viver, para nós humanos e para todos os outros seres que compartilham conosco esta Casa que chamamos de Planeta Terra. Chegamos ao limite de nossa arrogância, ignorância, dominação e acomodação, o qual nos impõe hoje, e não amanhã, a responsabilidade de rever, transformar, reinventar nosso modo de viver. E por acreditar que, apesar da crítica situação em que nos encontramos, ainda somos capazes de sonhar, sentir e amar é que buscamos o apoio e o envolvimento de diferentes grupos formadores da sociedade para fortalecer nossa luta pela qualidade Socioambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras.

Nossa bacia possui uma beleza particular, única. E por suas características, possui também um importante papel na conservação ambiental da região. Grande parte do seu território encontra-se em áreas de proteção de mananciais, seus municípios possuem importantes fragmentos de Mata Atlântica e fazem parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. É importante lembrar que fazemos parte, também, da Região Metropolitana de São Paulo, e por isso temos presentes os conflitos decorrentes dessa grande aglomeração de pessoas, o que resulta em maior demanda por recursos naturais.

Esse contexto exige administrações públicas competentes, justas, com foco na sustentabilidade, para compatibilizar os interesses sociais e econômicos e a conservação das características naturais locais, importantes para a qualidade de vida dos cidadãos. Torna-se necessária também uma sociedade civil participativa, sensibilizada e fiscalizadora, que também chame para si a responsabilidade pela sustentabilidade.


Durante a construção do Protocolo em Defesa da Qualidade Socioambiental da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras foi possível diagnosticar a fragilidade ambiental e social em que se encontra nossa região. Diagnosticaram-se, inclusive em saídas a campo, os mais diversos problemas: abastecimento de água precário nas áreas mais afastadas, falta de esgotamento sanitário, disposição inadequada de resíduos sólidos, loteamentos irregulares, construções em áreas de proteção (APR, APA, APP), desmatamento de florestas, deficiência na fiscalização ambiental, falta de recursos humanos e financeiros em departamentos públicos (o que retarda o andamento de diversos processos). Problemas esses que afligem e distanciam o bem-estar e a qualidade de vida da população local, já dramaticamente desinformada e descrente do poder público.
O Protocolo é um instrumento político com bases técnicas e populares, construído de forma participativa e democrática. Possui, além do panorama atual, uma série de ações a serem colocadas em prática, divididas em cada eixo temático com metas de curto, médio e longo prazo. Pode ser uma ótima ferramenta para a gestão pública, desde que seja realmente efetivado e não visto apenas como mais um documento, engavetado e esquecido. Muitas destas propostas/ações dependem apenas de vontade política, assim como a nossa qualidade de vida de cada dia também depende de tomadas de decisão.

É neste contexto que devemos perceber nosso potencial enquanto cidadãos e cidadãs. Somos indivíduos capazes de transformar realidades. Fomos capazes de trazer estes problemas para o nosso dia a dia, mas também somos capazes de minimizá-los ou eliminá-los. Nesta carta aberta à sociedade tornamos público nosso desejo de que todos os gestores públicos dos municípios do Alto Tietê considerem o Protocolo como um instrumento de apoio à gestão e que reconheçam a legitimidade da construção participativa deste instrumento.

Chamamos todos os que sonham e que amam a vida para somar forças ao nosso grupo de voluntários, e para que, cada um dentro das suas possibilidades, também se responsabilize pelas metas elencadas naquele documento. Afinal, o Protocolo dever ser um compromisso de todos. O meio ambiente começa no meio da gente. Deixar sentir o que diz a nossa essência é deixar surgir um ser sustentável que se preocupa e exige mudanças reais, pois em cada um de nós existem sementes de amor, solidariedade e justiça. Basta semeá-las para que brotem.


Leila Maria Vendrametto

Instituto 5 Elementos - Educação para a Sustentabilidade

www.5elementos.org.br

11 3871 1944

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