quinta-feira, 27 de maio de 2010

Por que disso ninguém fala?

“Hoje, enfrentamos o retorno potencial da discriminação da eugenia,
não sob bandeiras nacionais ou credos políticos, mas em função da
ciência do genoma humano e da globalização corporativa. Declarações
diretas de domínio racial estão sendo substituídas por campanhas de
relações públicas e patentes. O poderoso dólar pode em breve decidir
quem fica de que lado na “divisão genética” já em demarcação pelos
ricos e poderosos. Quando estamos a caminho de um novo horizonte,
confrontar nosso passado pode nos ajudar a enfrentar o futuro que nos
espera”.

10 de maio de 2010 às 11:18
Quando a plutocracia demoniza os “fracos”
da introdução do livro War Against the Weak, de Edwin Black
Vozes assombram as páginas de todo livro. Esse livro, em particular,
fala em nome dos não-nascidos, em nome daqueles cujas perguntas nunca
foram ouvidas — daqueles que nunca existiram.
Através das seis primeiras décadas do século 20, centenas de milhares
de norte-americanos e um número não calculado de outros não tiveram a
permissão de continuar suas famílias através da reprodução.
Selecionados por causa de sua ancestralidade, origem nacional, raça ou
religião, eles foram esterilizados à força, erroneamente internados em
instituições psiquiátricas onde morreram em grande número, proibidos
de casar e algumas vezes “descasados” por burocratas estatais. Nos
Estados Unidos, essa batalha para acabar com grupos étnicos foi lutada
não por exércitos armados ou por seitas de ódio às margens da
sociedade. Em vez disso, essa guerra de luvas brancas foi levada
adiante por professores estimados, universidades de elite, ricos
industriais e autoridades do governo que se juntaram em um movimento
racista e pseudocientífico chamado “eugenia”. O objetivo: criar uma
raça Nórdica superior.
Para perpetuar a campanha, fraude acadêmica generalizada combinada com
filantropia corporativa sem limites estabeleceram as razões biológicas
para a perseguição. Empregando um amálgama de achismos, fofoca,
informação falsificada e arrogância acadêmica polissilábica, o
movimento pela eugenia lentamente criou uma burocracia nacional e uma
infraestrutura jurídica para limpar os Estados Unidos dos “unfit”.
Testes de inteligência, coloquialmente conhecidos como QI, foram
inventados para justificar a prisão de um grupo definido como
“feebleminded”. Frequentemente os assim chamados eram apenas tímidos,
de boa fé para serem levados a sério, falavam os idiomas “errados” ou
tinham a cor da pele “errada”. Leis de esterilização forçada foram
aprovadas em vinte e sete estados para evitar que indivíduos-alvo
produzissem mais gente de seu tipo. Leis de proibição do casamento
proliferaram nos Estados Unidos para evitar a mistura de raças.
Litígios foram levados até a Suprema Corte, que aprovou a eugenia e
suas táticas.

O objetivo imediato era esterilizar imediatamente 14 milhões de
pessoas nos Estados Unidos e mais alguns milhões no mundo — o “décimo
mais baixo na escala social” — e assim continuamente eliminar o décimo
“inferior” até restar apenas uma super-raça Nórdica. No fim das
contas, 60 mil norte-americanos foram esterilizados à força e o total
pode ser muito maior. Ninguém sabe exatamente quantos casamentos foram
evitados pelas leis estaduais. Embora muito da perseguição tenha sido
simplesmente resultado de racismo, ódio étnico ou elitismo acadêmico,
a eugenia vestiu o manto de ciência respeitável para esconder seu
verdadeiro caráter.

As vítimas da eugenia eram moradores pobres de áreas urbanas e o “lixo
branco” da zona rural, da Nova Inglaterra à Califórnia, imigrantes que
chegavam da Europa, negros, judeus, mexicanos, indígenas, epiléticos,
alcoólatras, batedores de carteira e doentes mentais ou qualquer um
que não se enquadrasse no ideal Nórdico dos loiros de olhos azuis que
o movimento da eugenia glorificava.

A eugenia contaminou muitas outras causas sociais, médicas e
educacionais nobres, do movimento pelo controle da natalidade ao
desenvolvimento da psicologia ao movimento pelo saneamento urbano.
Psicólogos perseguiram seus pacientes. Professores estigmatizaram seus
alunos. Associações de caridade pediram para mandar aqueles que pediam
ajuda para câmaras da morte que esperavam ver construídas. Escritórios
de apoio à imigração conspiraram para mandar os mais necessitados para
programas de esterilização. Líderes da oftalmologia conduziram uma
longa campanha para perseguir e esterilizar à força todos os parentes
de todos os americanos com problemas na visão. Tudo isso aconteceu nos
Estados Unidos anos antes da ascensão do Terceiro Reich na Alemanha.

A eugenia tinha como alvo a Humanidade, assim seu escopo era global.
Os evangelistas da eugenia provocaram movimentos similares na Europa,
na América Latina e na Ásia. Leis de esterilização forçada apareceram
em todos os continentes. Cada estatuto ou regra da eugenia — da
Virgínia ao Oregon — foi promovida internacionalmente como mais um
precedente para incentivar o movimento internacional. Uma pequena  e
fechada rede de jornais médicos ou proponentes da eugenia, encontros
internacionais e conferências mantiveram os generais e os soldados do
movimento em dia e armados para tirar proveito da próxima oportunidade
legislativa.

Eventualmente, o movimento de eugenia dos Estados Unidos se espalhou
para a Alemanha, onde causou fascínio em Adolf Hitler e no movimento
nazista. Sob Hitler, a eugenia foi muito além do sonho de qualquer
eugenista norte-americano. O Nacional Socialismo transformou a busca
americana por uma “raça superior Nórdica” na busca de Hitler por uma
“raça ariana superior”. Os nazistas gostavam de dizer que “o Nacional
Socialismo não é nada mais que biologia aplicada”, e em 1934 o
Richmond Times-Dispatch publicou a frase de um proeminente eugenista
norte-americano segundo a qual “os alemães estão nos derrotando em
nosso próprio jogo”.

A eugenia nazista rapidamente venceu o movimento norte-americano em
velocidade e ferocidade. Nos anos 30, a Alemanha assumiu a liderança
do movimento internacional. A eugenia de Hitler teve o apoio de
decretos brutais e das máquinas de processamento de dados da IBM, de
tribunais de eugenia, programas de esterilização em massa, campos de
concentração e do virulento antissemitismo biológico — tudo com
aprovação aberta dos eugenistas norte-americanos e de suas
instituições. Os aplausos diminuiram, mas apenas relutantemente,
quando os Estados Unidos entraram em guerra em dezembro de 1941.
Então, sem  que o mundo soubesse, os guerreiros da eugenia alemães
operavam campos de exterminio. Eventualmente, a loucura da eugenia
alemã levou ao Holocausto, à destruição dos ciganos, ao estupro da
Polônia e à dizimação da Europa.

Mas nada do racismo científico dos Estados Unidos teria se espalhado
sem apoio da filantropia corporativa.

Nestas páginas você vai conhecer a triste verdade sobre como as razões
científicas que levaram aos médicos assassinos de Auschwitz foram
primeiro formuladas em Long Island, no laboratório de eugenia da
Carnegie Institution em Cold Spring Harbor. Você descobrirá que no
regime de Hitler antes da guerra, a Carnegie, através de seu complexo
de Cold Harbor, propagandeava de forma entusiasmada o regime nazista e
distribuia filmes antissemitas do Partido Nazista em escolas dos
Estados Unidos. E você vai descobrir as ligações entre os grandes
aportes financeiros da Fundação Rockefeller e o establishment
científico alemão, que deram início aos programas de eugenia que
resultaram em Mengele em Auschwitz.

Só depois que a verdade sobre os campos de extermínio nazista se
tornou pública o movimento americano pela eugenia perdeu força.
Instituições de eugenia dos Estados Unidos correram para trocar o
nome, de “eugenia” para “genética”. Com sua nova identidade, o que
restou do movimento se reinventou e ajudou a estabelecer a moderna e
iluminada revolução da genética humana. Embora a retórica e os nomes
tenham mudado, as leis e os modos de pensar ficaram em seu lugar.
Assim, décadas depois que o julgamento de Nuremberg rotulou os métodos
da eugenia de genocídio e crime contra a humanidade, os Estados Unidos
continuaram a esterilizar à força e a proibir casamentos
“indesejáveis”.

Comecei dizendo que este livro fala em nome dos nunca nascidos. Também
fala em nome das centenas de milhares de refugiados judeus que
tentaram escapar do regime de Hitler mas tiveram os pedidos de visto
negados pelos Estados Unidos por causa do ativismo abertamente racista
da Carnegie Institution. Além disso, estas páginas demonstram como
milhões foram assassinados na Europa precisamente porque foram
rotulados como formas inferiores de vida, que não valia a existência —
uma classificação criada nas publicações e pesquisas acadêmicas da
Carnegie Institution, certificadas através de financiamentos da
Fundação Rockfeller, validadas por acadêmicos das melhores
universidades da Ivy League e financiadas pela fortuna ferroviária da
família Harriman. A eugenia não foi mais que a filantropia corporativa
“gone wild”.

Disponível em www.viomundo.com.br
Acesso em 12 5 2010

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